As pessoas se entreolham no momento em que cessam os gritos e os movimentos do animal e, como num código predefinido, começa o serviço. As patas são imersas em uma cambona de água fervendo pra "desabotoar os cascos". A raspagem dos pelos é feita por todos, ao mesmo tempo. O suíno precisa estar limpo para ser aberto e desmembrado.

Diz o ditado popular que, do porco, só não se aproveita o grito. Mas, de certa forma, o berro também é aproveitado - para entender sobre a morte do próprio porco. Principalmente por aqueles que não estão acostumados com a lida da campanha; que não entendem que a morte, às vezes, é imprescindível para a sobrevivência dos campesinos.
No interior do município de Encruzilhada do Sul, ainda existem lidas quase artesanais, como as carneadas. O que pra uns pode parecer uma brutalidade, para outros, é uma prática que faz parte do cotidiano. A partir daquele grito de agonia , começa o serviço. O serviço garante a subsistência. Quatro homens e uma mulher são testemunhas de uma morte necessária...
Tem gente que se diz horrorizada, mas não perde um churrasco de domingo.
ResponderExcluirisso aí... hipocrisia pura!
ResponderExcluirTão bem escrito e descrito, que os pormenores me tocaram profundamente.Digo à mim mesma que preciso parar de comer carne, como posso defender alguns bichos e comer outros? Mas uma coisa já sei, vou começar minha jornada do abandono desse hábito, pelo porco. Assim te devo um muito obrigado e coitado dos porcos que já comi.
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