domingo, 1 de agosto de 2010

CADÊ O PORTÃO?

Em março deste ano, um fato (no mínimo curioso) se assucedeu em frente a porta da minha casa. Tive o portão roubado. Sim, o portão. Todo mundo se pergunta: "Mas não tem mais nada pra roubar?". A indignação rendeu uma crônica que foi publicada na Rádio 87,9 e no Jornal 19 de Julho. Recentemente, uma outra vítima do ladrão de portões - só que, desta vez, em Porto Alegre. Vale a pena reacender o tema: Tá aí o texto:

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Seria cômico, se não fosse trágico. O portão da casa foi roubado na madrugada desta quinta-feira. Em uma de suas músicas mais conhecidas, Roberto Carlos disse: “Eu cheguei em frente ao portão. Meu cachorro me sorriu latindo.” Pois é. Se ele me visitasse hoje, encontraria só o cão - e latindo de raiva. Ladrões arrancaram a estrutura de metal de cerca de um metro quadrado. Com a audácia, os manganões não levaram só a porta de entrada da minha residência, localizada no fim da rua Dom Feliciano. Levaram muito mais. Como outras vítimas, tive minha segurança seriamente subtraída.

Há muito tempo, os moradores do bairro Lava-Pés e arredores não podem estar tranquilos nem mesmo dentro de suas residências. Correm boatos de que é cobrado pedágio durante as noites e madrugadas dessa região. Passar por lá torna-se perigoso e morar também. O roubo do portão é um exemplo disso. Um portão como aquele custa em torno de duzentos reais. Tenho condições de repor, mas não é o preço dele que importa (ao menos o preço de mercado, não). O que realmente interessa é a causa e a consequência do roubo. Provavelmente foi trocado por uma ou duas pedras de crack logo abaixo da minha casa. E o pior: Não está livre de levarem o próximo portão que vai ser reinstalado ou mesmo de invadirem qualquer outra residência, inclusive a minha.

Ladrões sempre existiram e sempre vão existir. Mas o crack potencializa radicalmente esse problema. Isso afeta a saúde pública, segurança e convivência dos moradores de Encruzilhada do Sul. Já foram criados ONG’s, realizados seminários, manifestos públicos… Mas só se vê o consumo da droga aumentar junto com a sensação de impotência. Se um dia as autoridades tomassem uma atitude em relação a isso, talvez pudesse cantarolar a música do Rei Roberto ao chegar em casa dizendo que “… tudo está igual como era antes. Quase nada se modificou. Acho que só eu mesmo mudei.”

Urgel Souza, março de 2010.

Um comentário:

  1. Com o passar dos tempos as preocupações mudam radicalmente! Há uns 10 anos acredito que isso nao passava pela cabeça de ninguém! É um absurdo voltar para casa e não encontrar o portão! Nem é bom pensar em quais serão as preocupações depois de passado os próximos 10 anos..

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