quarta-feira, 11 de abril de 2012

HISTÓRIAS, PECULIARIDADES E DESASTRES DA VIDA DE REPÓRTER (III)

A pauta era um rodeio. As fontes eram gaúchos, tradicionalistas e machos por natureza. A grande festa campeira estava recebendo os últimos retoques. Dois dias antes eu fui pessoalmente conferir as obras da grande pista de rodeio que seria inagurada no fim de semana.

O principal entrevistado era o presidente da Associação Tradicionalista de Vera Cruz (ATV), José Amilton Borges da Silva. Conhecido apenas como "Borges", ex-comandante da Brigada Militar.

Borges acompanhava a fixação de mourões (base do cercado), enquanto cinco homens esticavam o arame e socavam a base. Neste cenário campeiro, o presidente da ATV falava sobre a expectativa do rodeio.

De repente, Borges parou de falar. Me olhou na gema dos olhos e indagou: "Por acaso tu não é irmão do Lasier?". A pergunta me surpreendeu. Como ele saberia da minha família? Qual sua relação com a minha cidade? "Sou sim", respondi. "Mas por quê?"

Silêncio por três segundos e o ex-policial militar cai na risada. "Ah... Tu vivia no meu colo! Olha aqui, gurizada!", chamaou todos que finalizavam o alambrado. "Esse aqui, tava sempre dizendo: 'ôh, tio da polícia... me dá um colo aí?'". A risada contagiou todos os alambradores e o constrangimento me fez perder o foco do assunto anterior.

Depois, Borges explicou que foi comandante da BM de Encruzilhada do Sul no início da década de 90. Eu, logicamente, não lembro. Mas ele garantiu que eu participava de alguns eventos no salão de festas de Brigada. O tradicionalista também contou que conheceu meus pais, meu cunhado e outros encruzilhadenses. Sob o pretexto jornalístico, disfarcei e troquei de assunto.

"Vivia sentado no meu colo"... Eu mereço!




HISTÓRIAS, PECULIARIDADES E DESASTRES DA VIDA DE REPÓRTER (II)

HISTÓRIAS, PECULIARIDADES E DESASTRES DA VIDA DE REPÓRTER (I)

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