John é um cachorro tímido. Na casa da minha irmã, onde ele mora, os outros cães sempre festejam a chegada dos donos e visitas dos mais próximos. John, não. Ficava na dele. Até vinha ver quem tinha chegado, mas sem muita extravagância.
No fim da manhã do dia 13 de janeiro, tive de ir até a casa da minha irmã, mandar arquivo por email. Não havia ninguém em casa e percebi que a cachorrada latia desesperadamente. Depois de mandar o email, fui ver o que acontecia lá na rua. Os cães latiam lá em baixo, descendo o barranco, perto da tela.
Estavam lá o Roth (um rothwailler), o Pitoco e o Dunga (linguiças) e a Tuca (raça indefinida). E o John? Havia dois dias que John tinha desaparecido misteriosamente. Pensei que ele havia morrido e os seus companheiros estavam me avisando. Realmente era um aviso, mas não de morte. John havia caída numa fossa de sete metros de fundura. Eu estava sem celular. Era hora do almoço, mas eu abriria mão da refeição para salvá-lo.
E agora? Como tirá-lo de lá? Procurei uma escada e uma corda. Porém, a corda era muito fina e a escada muito curta. Enquanto pensava em uma solução para o resgate, o amigo tímido grunhia e a uivava, pedindo pressa. Lembrei que tinha uma extensão de fio elétrico no porta-malas do carro. Fiz uma laçada e tchan: consegui laçar o cão pelas patas traseiras. Faltava puxá-lo de lá (essa foi a pior parte).
Nunca pensei que um Pastor Alemão pudesse pesar tanto quando suspenso. Depois de cinco minutos, com o animal de cabeça para baixo, eu ainda não havia conseguido retirá-lo da fossa. O fio se enviava para dentro da terra do barranco e dificultava ainda mais o resgate. John se desesperava, mas sabia, de algum modo, que aquilo era uma ajuda e não maus tratos.
Passei a corda na cintura e gastei o que ainda me restava de energia. Os músculos tremiam com a força e o fio deixava vergões que virariam ematomas na parte lateral e superior do fêmur. Amarrei o fio num moeirão e puxei John mais perto do buraco. John estava imundo.
O fedor da fossa me fez perder o que ainda me restava de apetite, mas não pude deixar de dar cinco palmadinhas amigas na lateral da cabeça do bicho sujo e fedido e exclamar: "Aeeee, garooooto! Tá tudo bem agora!".
Na verdade, ainda não estava. John precisa de água e comida. Bebeu e comeu a vontade, depois me olhou com ares de agradecimento. Agradece até hoje. Depois daquela feita, cada vez que chego na casa da minha irmã, ele é o primeiro a me receber, com uma faceirice de guri.
Naquele resgate, perdi o almoço e machuquei o quadril. Mas ganhei um coração canino de eterna gratidão. Valeu a pena! Eu poderia ter voltado pra casa e chamado os bombeiros. Mas o sentimento de compaixão pelo ser canino me dizia que não havia tempo suficiente. John entendeu assim também.
pensei que ele comeu ,tomou agua te olhou e falou, que cagaço levamos amigo.... hahahahaha
ResponderExcluirhaha... não pronunciou as palavras, mas tenho certeza que ele tava pensando isso
ResponderExcluirMuito bom Urgel.Belo texto!E parabéns pela ajuda ao John!
ResponderExcluirParabéns...pelo texto!!
ResponderExcluirBjus Lisi
Que lindo. Belo ato. Parabéns. Ótimo texto tbm. Consegui imaginar a cena muito bem. Beijo
ResponderExcluirValeu amigo...o amor incondicional dos animais não tem preço. bjs
ResponderExcluirGanhaste um amigo fiel Urgel e podes ter certeza, eternamente grato. Ele entendeu o que fizeste e se preciso for te defenderá.Os outros cacninos pediram socorro e o socorro veio na tua pessoa, portanto, naquele momento foste o anjo que John precisava.Esse elo entre vocês jamais se romperá.
ResponderExcluirEsse é o melhor!
ResponderExcluirgosto muito de animais e achei muito legal tua ajuda prestada ao cão numa hora em que tu podia ter escolhido almoçar! imaginei a cena tbm!
Parabéns pela ação e por repassar tão bem o resgate!
Óin, que linda a história! Esse John é o cara (ou melhor, O CÃO)!
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