Ontem fiz um fogo na lareira. Depois de assistir um bom filme, fui me deitar. O frio fez com que o sono viesse rápido. Eis que, enquanto dormia, uma tora grossa ainda em brasa, rolou de dentro da lareira (não sei como) e caiu em cima de uma saco de gravetos, que estava próximo. Perto desse saco havia outro toco. Prendeu fogo em tudo.
Eu tenho o sono muito pesado, mas não sei que força sobrenatural me acordou. Eram barulhos como tapas na lareira, feita de lata. No início, pensei que fosse o próprio material da lareira trabalhando com a variação de temperatura. Não dei muita bola. Na segunda vez que ocorreu o barulho, cheguei a pensar que fosse alguém que estivesse dentro de casa. Na terceira, tive certeza que alguma coisa estava acontecendo na sala.
Ao sentir o cheiro de fumaça, o sinal de alerta instintivo soou. Levantei e a casa tava tomada em fumaça. Mais alguns minutos, pegava fogo em toda a sala - sem contar a fumaça, que já tava no quarto (no torpor do sono e da fumaça... poderia ter morrido asfixiado). Ainda bem que me acordei (ou alguém, ou alguma coisa me acordou).
Que cagaço! Na rua fazia -1ºC (com o vento, a sensação térmica chegou a -10ºC) e eu de cueca e meias, apagando o fogo de bacia e com as janelas da casa todas abertas. Ao jogar água no fogo (agora de chão), me perguntava como aquela tora (de 20cm de espessura e 50cm de comprimento) foi sair de dentro da lareira e, se estava no chão, o que produzia aquelas batidas na lareira que me fez despertar?
Dessas respostas não saberei. Mas,do pior jeito, aprendi duas lições: 1º) Apagar o fogo e certificar-me que está realmente apagado. 2º) Não deixar nenhum tipo de material inflamável perto da lareira. Fica a dica pra todos.
domingo, 21 de agosto de 2011
domingo, 7 de agosto de 2011
A TRISTE MORTE DO CEBINHO NO PÉ DE ARAÇÁ
Hoje acordei com o cantar dos pássaros. Parecia que o papai Sabiá tinha levado a família para passear no belo domingo de sol. É bonito ver a felicidade desses bichos soltos por aí... O canto deles era tão intenso, que pareciam querer me dizer alguma coisa com aquela cantoria toda. A "algazarra", me causou um sorriso tímido e me fez refletir "De onde será que veio essa bicharada? Onde moram? O que faziam por aqui?"
Chegamos a um arvoredo, que ficava há uns cem metros da minha casa. Os passarinhos faziam festa lá, em meio a laranjeiras, bergamoteiras e caqueiros. Eu fui o primeiro a atirar. Tiro certeiro foi debaixo de um pé de araçá: Schhhhplac! O golpe foi na cabeça e bicho caiu como uma peteca aos pés da gurizada. "É um cebinho!" - gritou um.
Agarrei a pequena ave na mão. Estava quente, ainda vivo, mas não resistiria; aquele bichinho delicado de uns seis centímetros morreria em poucos segundos. Enquanto mini ave agonizava na minha mão, eu pensava: "Tá, e o que eu faço com esse bicho? É assim que é uma caçada de passarinho? Matar o bicho só pra praticar o tiro em alvos vivos em movimento?"
Atirei o pobre cebinho inerte no chão (e não tinha nenhum gato pra comer aquele passarinho!). Segui a caçada e errei todos os tiros de propósito. Depois fui embora, alegando uma dor de barriga. Ao chagar em casa, o remorso era secreto, mas duro. "De onde vinha aquele pobre cebinho naquela hora? Onde era o seu ninho? Por que ele tinha que estar ali? Queria ele apenas matar a fome com um doce araçá?".
Nunca saberei destas respostas, mas soube que interrompi sua jornada terrena com um covarde golpe de pedra na cabeça pelo simples prazer de acertar um alvo. Soube que, a partir daquele dia, nunca mais usaria o estilingue para matar nenhum passarinho. Soube que não são os passarinhos que devem ser alvos dos humanos. Aprendi que os ouvidos humanos são alvos de seu delicado canto. Na manhã deste domingo, tive certeza disso.
O ESTILIGUE: A arma do crime |
Estas mesmas perguntas, me fiz há 18 anos atrás, quando matei meu primeiro e único passarinho. Eu tinha 11 anos e produzi meu próprio bodoque (ou estilingue, ou funda... como queiram). Todos os meninos da vizinhança tinham aquela arma com base de forquilha de madeira (preferencialmente de pitangueira ou goiabeira), com borracha amarela e "casinha" de couro.
Geralmente, usava minha funda pra praticar tiro ao alvo em potes plásticos e cabeças de mourões - e até que não era ruim de mira. Mas um certo dia, alguns guris da vila combinaram uma caçada de passarinho. Eu nunca tinha ido pra uma caçada de passarinho. "Vamos, então" - disse, meio inseguro. Um deles ainda completou: "Ele tá de funda nova!"
Matar pra quê? |
Agarrei a pequena ave na mão. Estava quente, ainda vivo, mas não resistiria; aquele bichinho delicado de uns seis centímetros morreria em poucos segundos. Enquanto mini ave agonizava na minha mão, eu pensava: "Tá, e o que eu faço com esse bicho? É assim que é uma caçada de passarinho? Matar o bicho só pra praticar o tiro em alvos vivos em movimento?"
Atirei o pobre cebinho inerte no chão (e não tinha nenhum gato pra comer aquele passarinho!). Segui a caçada e errei todos os tiros de propósito. Depois fui embora, alegando uma dor de barriga. Ao chagar em casa, o remorso era secreto, mas duro. "De onde vinha aquele pobre cebinho naquela hora? Onde era o seu ninho? Por que ele tinha que estar ali? Queria ele apenas matar a fome com um doce araçá?".
Nunca saberei destas respostas, mas soube que interrompi sua jornada terrena com um covarde golpe de pedra na cabeça pelo simples prazer de acertar um alvo. Soube que, a partir daquele dia, nunca mais usaria o estilingue para matar nenhum passarinho. Soube que não são os passarinhos que devem ser alvos dos humanos. Aprendi que os ouvidos humanos são alvos de seu delicado canto. Na manhã deste domingo, tive certeza disso.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
O SABÃO E O GAÚCHO
Muitas das histórias postadas neste blog não são minhas. São histórias que me contam e eu só reproduzo aqui. É o caso da história que envolve um casal de amigos, um sabão em barra (não muito cheiroso) e um gaúcho invocado.
Me contou uma amiga que ela e o marido faziam as compras do mês no supermercado no fim de tarde de uma sexta-feira. Um em cada ponta da prateleira. Ela na secção de utensílios domésticos e ele na secção dos produtos de limpeza Há uns oito metros um do outro. Prestativo, o marido pergunta alto:
- Tem que levar sabão, né? Qual eu levo?
- Pode ser o Sabão Gaúcho - responde a esposa com outro grito.
Para alguns, o cheiro do Sabão Gaúcho lembra um pouco o odor de fezes humanas. Foi o que pensou Luiz, ao cheirar o sabão. A impressão veio acompanhada de uma careta e da exclamação:
- Credo, mas esse gaúcho deve tá cagado! - disse ele.
Luiz não imaginava é que havia um bombachudo no outro lado da prateleira. Num instante, o guasca fez a volta e, indignado, se faz de desentendido:
- Quem é o cagado aqui, tchê? - disse ele com a mão na daga de prata que estava presa à guiaca.
Silêncio por alguns segundos. Luiz se explicou mas não convenceu. O gaúcho aceitou as desculpas, mas não as engoliu as explicações. Cada vez que eles se cruzam na rua, Luiz jura que estava falando do sabão... naquele desastroso fim de tarde de compras no supermercado.
Me contou uma amiga que ela e o marido faziam as compras do mês no supermercado no fim de tarde de uma sexta-feira. Um em cada ponta da prateleira. Ela na secção de utensílios domésticos e ele na secção dos produtos de limpeza Há uns oito metros um do outro. Prestativo, o marido pergunta alto:
- Tem que levar sabão, né? Qual eu levo?
- Pode ser o Sabão Gaúcho - responde a esposa com outro grito.
Para alguns, o cheiro do Sabão Gaúcho lembra um pouco o odor de fezes humanas. Foi o que pensou Luiz, ao cheirar o sabão. A impressão veio acompanhada de uma careta e da exclamação:
- Credo, mas esse gaúcho deve tá cagado! - disse ele.
Luiz não imaginava é que havia um bombachudo no outro lado da prateleira. Num instante, o guasca fez a volta e, indignado, se faz de desentendido:
- Quem é o cagado aqui, tchê? - disse ele com a mão na daga de prata que estava presa à guiaca.
Silêncio por alguns segundos. Luiz se explicou mas não convenceu. O gaúcho aceitou as desculpas, mas não as engoliu as explicações. Cada vez que eles se cruzam na rua, Luiz jura que estava falando do sabão... naquele desastroso fim de tarde de compras no supermercado.
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